segunda-feira, 4 de junho de 2007

Presidente operário, Ministro tropicalista e culturas populares no Brasil globalizado

Chico Simões disse...


PRESIDENTE OPERÁRIO, MINISTRO TROPICALISTA E CULTURAS POPULARES NO BRASIL GLOBALIZADO.

Cultura popular não é o que se chama tecnicamente de folclore mas uma linguagem de permanente rebelião histórica. O encontro dos revolucionários desligados da razão burguesa com as estruturas mais significativas desta cultura será a primeira configuração de um signo verdadeiramente revolucionário
Glauber Rocha

Se cultura é o patrimônio de bens simbólicos materiais e imateriais de um povo, se é o que nos identifica como seres humanos, pertencentes a um determinado grupo, se é o que nos define como nação, tradição, invenção, preservação e transformação da realidade...
Compreender as múltiplas dimensões dessa cultura e o momento político que vivemos é essencial ao nosso projeto de sobrevivência planetária ambiental e transformação social.
Políticas de inclusão das classes populares, historicamente marginalizadas, no processo de desenvolvimento social exigem mudanças estruturais nas formas tradicionais de relações de poder. É preciso ampliar o conceito de democracia, de educação e de comunicação para que possamos criar as bases que irão desencadear as mudanças históricas que desejamos.
Hoje, a falta de recursos alternativos e a comodidade tecnológica impõem a televisão e o rádio como os principais meios de acesso a bens culturais imateriais e a informações gerais. Esses veículos de comunicação em sua maioria pertencem a grupos privados com interesses econômicos e políticos contrários aos interesses populares, ecológicos e nacionais e ao invés de suprirem as necessidades de informação e de formação cultural dos cidadãos, mercantilizam todos os conteúdos, empobrecendo e reduzindo a educação e a cultura a meros produtos na prateleira de um mercado onde a “competitividade” é o principal mandamento da “lei do mais forte”.
Os bens culturais mais expressivos da criação brasileira e universal estão acessíveis a pequenas parcelas da população, seja em grupos resistentes de cultura popular (bumbas-meu-boi, congadas, reisados, catiras, guerreiros, folias, fandangos e etc) ou grupos de classe média produtores e consumidores de literatura, cinema, teatro, artes plásticas e etc. Esses diferentes grupos, responsáveis pela construção da identidade (e da contradição) cultural brasileira, estimulados pelo momento histórico (presidente operário, ministro tropicalista) precisam intensificar a construção de espaços dialógicos de interatividade e colaboração, trocando experiências, buscando alternativas sustentáveis de reconhecimento, fortalecimento e difusão das culturas populares brasileiras.
Em um mundo coisificado onde a globalização imposta pelo império capitalista, faz com que o "consumismo" seja parâmetro para medir a condição social dos indivíduos, necessitamos com urgência difundir as culturas portadoras de valores éticos humanistas e ecológicos necessários à construção do mundo mais justo e equilibrado que sonhamos.
Uma das características do capitalismo, do catolicismo de estado e do “new pentecostalismo” é a necessidade de destruição das culturas populares locais para que, em seu lugar, as novidades descartáveis do Deus-mercado sejam consagradas como símbolo de desenvolvimento e de vida nova.
Dado às características peculiares de produção e organização das culturas populares, (patrimônio imaterial) se faz necessário à revisão dos procedimentos (programas políticos) e das leis de incentivo para estas áreas que não sobrevivem dentro das relações tradicionais do mercado capitalista nem conseguem se ajustar às exigências burocráticas legais do estado.
Uma experiência exemplar, apesar de todas as dificuldades enfrentadas, esta em curso através do programa cultura viva, são os Pontos de Cultura que já se articulam por todo o país, com apoio, mas independentes do estado criando redes de interatividades fazendo pontes entre setores tradicionalmente apartados, inserindo no cenário nacional uma pauta nova, mas que veio pra ficar.
Nossa luta é contínua, mas nossas ações não devem perder de vista este combate. Para que sejamos eficientes os pontos de cultura precisam ser também consideradas sob o prisma da transversalidade, permeando várias áreas do conhecimento humano, articulando-se no âmbito das políticas públicas ás áreas de educação, saúde, meio ambiente, desenvolvimento sustentável, geração de trabalho e renda, comunicação e toda a pauta da inclusão sócio-culturall e da sustentabilidade no Brasil, no planeta.
O passado e o futuro também fazem parte do presente, em permanente estado de ebulição.

Chico Simões, chicosimoes@gmail.com
www.invencaobrasileira.com.br
Tel. 61 – 8408 2031 ou 3352 5054

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